audiolivro - PAUL SWEEZY - TEORIA DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA (12)

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  • čas přidán 5. 09. 2024
  • Capítulo XI: A Controvérsia do Colapso
    1. Introdução
    Neste capítulo, pergunta-se se as crises são o "memento mori" do capitalismo, tornando-se cada vez mais severas até resultar no colapso do sistema. Este tema tem sido amplamente debatido no pensamento marxista. A moldura dessa controvérsia é baseada nas observações de Marx sobre o fim do capitalismo e o advento do socialismo. Marx acreditava que em determinado momento, as relações de produção capitalistas cessariam de estimular o desenvolvimento das forças produtivas, tornando-se obstáculos. Nesse período revolucionário, a classe trabalhadora derrubaria essas relações e instauraria relações socialistas superiores. Essa transição, segundo Marx, ocorreria inevitavelmente, como uma lei natural.
    2. Eduard Bernstein
    Eduard Bernstein, inicialmente um marxista ortodoxo, lançou o movimento revisionista, contestando a teoria do colapso capitalista. Ele argumentou que as condições econômicas se tornavam cada vez melhores, contrariamente à ideia de crises cada vez mais severas. Bernstein sustentava que o socialismo deveria ser alcançado gradualmente e pacificamente, sem a necessidade de uma revolução catastrófica, como propunha Marx.
    3. Contra-Ataque Ortodoxo
    Heinrich Cunow e Karl Kautsky responderam aos argumentos de Bernstein. Cunow reafirmou a deterioração progressiva das condições econômicas sob o capitalismo. Kautsky, por outro lado, negou a existência de uma teoria do colapso econômico catastrófico em Marx, afirmando que as crises econômicas piorariam, mas não necessariamente levariam a um colapso. Ele sugeriu que a luta de classes intensificaria até o ponto em que o proletariado derrubaria o capitalismo.
    4. Tugan-Baranowsky
    Tugan-Baranowsky criticou as teorias do colapso, argumentando que Marx possuía duas teorias do colapso: uma baseada na tendência decrescente da taxa de lucro e outra no subconsumo. Tugan acreditava ter refutado ambas e concluiu que o colapso do capitalismo não era inevitável, mas dependia da ação consciente da humanidade.
    5. Conrad Schmidt
    Conrad Schmidt, um revisionista, defendeu que a teoria do colapso de Marx era baseada no subconsumo. Ele sugeriu que as dificuldades do capitalismo poderiam ser eliminadas aumentando o poder aquisitivo das massas trabalhadoras. Schmidt acreditava que a luta dos trabalhadores poderia melhorar as condições econômicas, mantendo o capitalismo indefinidamente.
    6. Posição de Kautsky em 1902
    Em 1902, Kautsky revisitou a teoria da crise e argumentou que as crises se tornariam mais severas e abrangentes, eventualmente levando a um estado de "depressão crônica". Ele acreditava que o capitalismo não poderia continuar indefinidamente sem enfrentar crises econômicas e políticas que forçariam a transição para o socialismo.
    7. Louis B. Boudin
    Louis B. Boudin, um representante do marxismo ortodoxo na década de 1900, concordava que as crises se tornariam mais severas, mas não enfatizava uma teoria do colapso catastrófico. Boudin sustentava que o capitalismo se tornaria um empecilho ao desenvolvimento das forças produtivas, levando inevitavelmente à revolução socialista.
    8. Rosa Luxemburgo
    Rosa Luxemburgo argumentou que a acumulação de capital era impossível em um sistema capitalista fechado. Ela acreditava que o capitalismo precisava continuamente de mercados externos para realizar a mais-valia. À medida que o capitalismo absorvesse todas as áreas não-capitalistas, ele enfrentaria um colapso econômico. Sua teoria foi criticada por simplificar excessivamente o problema da realização da mais-valia e não considerar a expansão do consumo dos trabalhadores.
    9. Atitudes do Pós-Guerra
    Após a Primeira Guerra Mundial, três posições principais emergiram. A social-democracia rejeitou a teoria do colapso, defendendo uma transição pacífica e gradual ao socialismo. Os bolchevistas acreditavam que o fim do capitalismo viria através de guerras e revoluções, não colapsos econômicos. Os seguidores de Rosa Luxemburgo continuaram a afirmar a tese do colapso, embora sem grandes avanços teóricos.
    10. Henryk Grossmann
    Henryk Grossmann apresentou uma nova teoria do colapso capitalista, baseada em um esquema de reprodução desenvolvido por Otto Bauer. Grossmann argumentou que a mais-valia se tornaria insuficiente para sustentar a acumulação de capital, levando ao colapso do sistema. Sua teoria foi criticada por seu raciocínio mecanicista e por não considerar a complexidade real do processo de acumulação capitalista.
    Conclusão
    A controvérsia sobre o colapso capitalista revelou várias interpretações e críticas ao pensamento de Marx. Enquanto alguns defendem a inevitabilidade do colapso, outros argumentam que o capitalismo pode continuar se adaptando. A análise das crises econômicas e a evolução das relações de produção são essenciais para entender as dinâmicas do capitalismo e sua possível transição para o socialismo.

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