audiolivro - PAUL SWEEZY - TEORIA DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA (13)

Capítulo XII: Depressão Crônica?
1. Introdução
Neste capítulo, a questão central é entender o conceito de "colapso" do capitalismo. Alguns teóricos, como Bernstein, veem o colapso como uma crise econômica insuperável, enquanto outros, como Rosa Luxemburgo e Grossmann, o enxergam como uma explosão súbita da ordem social. No entanto, essas visões derivam de analogias simplistas e perdem objetividade quando aplicadas à sociedade. A verdadeira pergunta deve focar nas forças desintegradoras que agem na sociedade capitalista. A questão principal é: as crises econômicas tendem a se tornar mais severas, levando a uma depressão crônica?
2. Condições da Expansão Capitalista
A produção capitalista tende ao subconsumo, que pode se manifestar em crises ou estagnação. A depressão afeta tanto a acumulação quanto o consumo, mas a acumulação é mais impactada. A estagnação é a norma para a produção capitalista, mas o capitalismo tem se expandido historicamente, sugerindo a existência de forças contrabalançadoras poderosas. Para entender se o capitalismo está destinado a uma depressão crônica, é necessário examinar essas forças contrabalançadoras.
3. Forças Contrabalançadoras da Tendência do Subconsumo
1. Novas Indústrias: Durante o período formativo de novas indústrias, os investimentos são desproporcionais à produção de mercadorias. A industrialização contrabalança a tendência ao subconsumo, mas a importância relativa das novas indústrias está declinando nos países capitalistas avançados, sugerindo um enfraquecimento dessa força contrabalançadora.
2. Investimentos Imperfeitos: Os investimentos baseados em cálculos imperfeitos, que não contribuem para a produção de bens de consumo, contrabalançam a tendência ao subconsumo. No entanto, com o crescimento dos monopólios e uma melhor gestão de riscos, essa força tem diminuído em importância.
3. Crescimento da População: A taxa de crescimento populacional influencia a acumulação e o consumo. Um crescimento populacional rápido permite um aumento proporcional do capital variável e do consumo, reduzindo o subconsumo. A diminuição da taxa de crescimento populacional nos países capitalistas desenvolvidos sugere um fortalecimento da tendência ao subconsumo.
4. Consumo Improdutivo: Inclui o consumo de trabalhadores que não produzem mais-valia diretamente, como servidores domésticos e aristocratas. Esse consumo retira valores do processo de reprodução e pode aumentar o consumo total, contrabalançando o subconsumo. A expansão da nova classe média e do sistema de distribuição tem fortalecido essa força contrabalançadora.
5. Gastos Estatais: Os gastos estatais podem ser classificados como investimentos de capital estatal, transferências estatais e consumo estatal. Os investimentos de capital estatal funcionam como acumulação, enquanto as transferências e o consumo estatal podem aumentar o consumo total. O crescimento dos gastos estatais tem contribuído para neutralizar a tendência ao subconsumo.
4. Triunfará o Subconsumo?
Das cinco forças contrabalançadoras, três estão enfraquecendo (novas indústrias, investimentos imperfeitos e crescimento populacional) e duas estão se fortalecendo (consumo improdutivo e gastos estatais). O declínio das forças historicamente mais importantes sugere um enfraquecimento da resistência ao subconsumo, apoiando a teoria de Kautsky de que o capitalismo tende a um estado de depressão crônica.
No entanto, os gastos estatais financiados por criação de capacidade aquisitiva (como nações que imprimem dinheiro) podem proporcionar um consumo adicional, mantendo a economia em pleno emprego. A ação deliberada do Estado poderia, em teoria, contrabalançar a tendência ao subconsumo, sugerindo a possibilidade de uma sociedade capitalista "administrada" que mantém a prosperidade econômica através da intervenção governamental.
Para compreender plenamente essas questões, é necessário examinar o papel do Estado, dos monopólios e da economia global no processo de acumulação. Embora este estudo detalhado esteja além do escopo deste capítulo, ele estabelece as bases para uma compreensão mais profunda dos desafios e das perspectivas futuras do capitalismo.

[@Dcastrohh]

Faz um audiobook da obra da maria rita kehl "o tempo e o cão"
Por favooooor😢