audiolivro - PAUL SWEEZY - TEORIA DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA (9)

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  • čas přidán 5. 09. 2024
  • Capítulo VIII: A Natureza das Crises Capitalistas
    Introdução às Crises Capitalistas
    Marx sempre considerou as crises como um problema central em suas análises. Em seus trabalhos, ele mencionou repetidamente as crises econômicas, mas nunca ofereceu um tratamento completo e sistemático do tema. As crises são fenômenos complexos que emergem das interações entre produção, concorrência e crédito, e não podem ser totalmente compreendidas nos níveis de abstração típicos de "O Capital".
    Produção de Mercadoria Simples e Crises
    Em uma economia baseada na troca de mercadorias simples (M-M ou M-D-M), a introdução do dinheiro permite que a venda e a compra sejam separadas no tempo e no espaço, aumentando a eficiência da troca. Contudo, essa separação também possibilita crises de superprodução. Por exemplo, se um produtor vende suas mercadorias e decide não comprar outras, isso pode iniciar uma cadeia de eventos que leva a uma crise econômica.
    Em uma produção de mercadoria simples, as crises são possíveis, mas pouco prováveis. A produção é voltada para o consumo e, sendo o consumo um processo contínuo, há menos chances de que a possibilidade de uma crise se concretize.
    A Lei de Say
    A Lei de Say, formulada por Jean Baptiste Say, argumenta que a venda de mercadorias é sempre seguida pela compra de outras mercadorias, tornando a superprodução impossível. Ricardo adotou essa visão, que Marx criticou duramente. Marx argumentou que a separação entre venda e compra (M-D-M) torna a crise possível, pois não há garantia de que a venda será sempre seguida pela compra.
    Capitalismo e Crises
    No capitalismo, a circulação de mercadorias se transforma de M-D-M para D-M-D', onde o objetivo é transformar dinheiro em mais dinheiro (lucro). A justificativa para M-D-M é a troca de mercadorias por valores de uso, enquanto a justificativa para D-M-D' é a acumulação de valor de troca, ou seja, lucro. Essa busca incessante por lucro torna o capitalismo particularmente suscetível a crises.
    Quando a taxa de lucro cai abaixo de um certo nível, os capitalistas podem decidir reter seu capital em forma de dinheiro em vez de reinvesti-lo, interrompendo o processo de circulação e precipitando uma crise. Isso não significa que a taxa de lucro precise se tornar negativa para causar uma crise; basta que ela caia abaixo do nível considerado usual.
    Os Dois Tipos de Crises
    As crises podem ser de dois tipos principais: ligadas à tendência decrescente da taxa de lucro ou crises de realização.
    1. Crises Ligadas à Tendência Decrescente da Taxa de Lucro: Estas crises surgem da tendência inerente do capitalismo de reduzir a taxa de lucro ao longo do tempo devido à acumulação de capital e ao aumento da composição orgânica do capital. Se essa tendência não for contrabalançada, pode resultar em uma crise.
    2. Crises de Realização: Estas crises ocorrem quando os capitalistas não conseguem vender suas mercadorias pelo valor de equilíbrio. A superprodução leva a uma queda nos preços de mercado abaixo dos valores das mercadorias, reduzindo os lucros ou mesmo eliminando-os. A dificuldade aqui está na realização do valor incorporado nas mercadorias.
    Apesar de diferentes na origem, ambos os tipos de crises resultam em uma queda na taxa de lucro, desencadeando um retraimento nas operações dos capitalistas e precipitando uma crise. Entender essas diferenças é crucial para uma análise detalhada das crises no sistema capitalista.

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