"Na natureza, na voz e no papel: a experiência Desana" | Heloisa Helena Siqueira Correia

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  • čas přidán 30. 06. 2024
  • Quinta sessão do III Curso de Verão em Literatura, Humanismo e Cosmopolitismo, organizado pelo Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta e dedicado ao tema Natureza, que decorreu no dia 25 de junho de 2024.
    Na natureza, na voz e no papel: a experiência Desana
    Sinopse:
    A publicação em território brasileiro, nos últimos trinta anos, de narrativas de origem em livros de autoria indígena individual e coletiva, aproxima o leitor ocidental de cosmovisões que fraturam o antropocentrismo, como a obra "Antes o mundo não existia: mitologia dos antigos Desana-Këhíripõrã" (1980; 1995). Habitantes do Alto Rio Negro, no estado do Amazonas, os Desana oferecem ao leitor algo que a cultura ocidental pode denominar, por falta de opção melhor, “experiência com a outridade” conformada na narrativa de origem que, por sua vez, filia-se ao mito, ou, ainda, à verdade que há no mito (ELIADE, 1988; LÉVI-STRAUSS, 1997). Agora considerada mito escrito (CORREIA, 2023), tal história guarda uma diversidade de saberes, o que só será inteligível ao leitor que recorrer aos estudos etnográficos, históricos, geográficos etc. O que hoje a virada animal (MACIEL, 2011; LESTEL, 2001; 2011; GARRAMUÑO, 2011), a virada vegetal (COCCIA, 2018; MANCUSO, 2019; NASCIMENTO, 2021), e a ontological turn ampliam em termos de novos mundos, ontológica e epistemologicamente falando (KOHN, 2015; DESCOLA, 2015; VIVEIROS DE CASTRO, 1996; LATOUR 2012), o mito escrito Desana pressupõe desde há muito. Aproximando-nos do amalgama de uma escritura que é simultaneamente contada pela oralidade, escrita em papel e, antes disso, inscrita na natureza da região, nosso objetivo é compreender as intersecções vivas entre humanos e outros-que-humanos (MARISOL de la CADENA, 2015), cuja aprendizagem crítica pode ser vivida pelo leitor.
    Heloísa Helena Siqueira Correia é graduada em Filosofia pela UNESP (1992), doutora em Teoria e História Literária pela UNICAMP (2006), docente do Departamento Acadêmico de Letras Vernáculas desde 2009 e do Programa de Mestrado em Estudos Literários da Universidade Federal de Rondônia-UNIR desde 2011. Membro do Grupo de Pesquisa "Devir-Amazônia: literatura, educação e interculturalidade", UNIR, do GT da ANPOLL “Vertentes do insólito ficcional” e da ASLE-Brasil- Associação de Literatura e Ecocrítica. É leitora e pesquisadora da obra de Jorge Luis Borges desde 1995. Atualmente desenvolve projeto de pesquisa sobre narrativas indígenas e obras de literatura de expressão amazônica. Volta atenção sobretudo aos textos em que o pensamento ameríndio trata das relações entre humanos e outros-que-humanos, o que abre a possibilidade de construção de novas epistemologias e acaba por contribuir na direção da defesa do meio ambiente; e textos literários de expressão amazônica, não indígenas, em que há personagens não humanas protagonistas. Estuda, ainda, produções literárias em que o insólito ocorre de modo múltiplo, dando morada a personagens monstruosas e extraordinárias.

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