Diálogos da Alma parte 33

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  • čas přidán 23. 06. 2024
  • “Venho arrastando-me de muitos cantos diferentes nos quais me perdi.”
    33º texto de “Os Livros Negros”, datado de 27 de jan. de 1914. Terça-feira.
    Os analistas junguianos Maria Conceição Longatto e Sílvio Lopes Peres (IPAC/IPABAHIA/AJB/IAAP), convidam a acompanhar o Projeto “Diálogos com a Alma”.
    “Escute” as imagens que estão na profundeza de sua alma!
    Notas:
    “ Venho arrastando-me de muitos cantos diferentes nos quais me perdi.” - C. G. Jung. Os Livros Negros, 1913-1932: Cadernos de transformação. Vol. 4. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020, p. 226.
    Notas:
    Trata-se do “negativo do poder conhecer”.
    A magia é um conhecimento que não é lógico, não tem do que compreender.
    É uma conversar com a função intuição.
    Filêmon é uma figura do alter-ego - “esse pensamento vem de outro lado - não devo perguntar”.
    Esse é o método que ele segue consigo mesmo, usando em seus “Cadernos de transformação”, Os Livros Negros.
    “A vara mágica está num armário junto com Sexto e Sétimo Livros de Moisés e a “sabedoria” de Hermes Trismegisto, isto é, sua obra compreendida em suas fontes, tal como sugerido pelo fato de que seu nome apareça escrito em grego. A referência aos livros de Hermes Trismegisto, o Hermes grego-egípcio sob cujo patrocínio se desenvolveram as ciências ocultas, indica claramente que se trata de quem se remete ou foi remetido às fontes mais elevadas de um saber já esquecido ou preterido. Por outro lado, a menção desse outro livro, Sexto e Sétimo Livros de Moisés, um texto pseudocabalítico tardio e espúrio, remete a uma “magia demônica”, que consiste no uso de selos para a invocação ou conjuro de anjos e forças planetárias.
    O texto, pretensamente ambíguo, à diferença de suas próprias fontes alude a uma magia vulgar, a fórmulas decadentes que perderam sua conexão com as autênticas palavras de poder. Mas ali está a vara mágica esquecida. Será que Filêmon está inativo, que seu retiro significa uma detenção e um processo e crescimento? Ou, pelo contrário... não será que a magia, em sua dimensão mais profunda, transcende textos e instrumentos?
    [...]
    Do diálogo sutil e escorregadio entre Filêmon e o “eu”, vão surgindo, das palavras do mago, certos princípios que caracterizam a magia e que podemos resumir brevemente assim:
    a) A magia opera mediante a simpatia;
    b) É inata, o que sugere que é um reconhecimento e um colocar-se em movimento da natureza humana ou daquilo que é mais do que humano que se dá no homem;
    c) É aprendida quando se vai mais além da razão e das palavras;
    d) É incognoscível: “[...] a magia é o negativo daquilo que podemos conhecer”;
    e) Não há absolutamente nada a entender na magia.
    [...]
    Filêmon não devora aos outros nem se deixa devorar, não ensina, não se imiscui na vida dos outros, não é um pastor atrás de suas ovelhas, não presenteia como Cristo. Por isso vive sozinho e se tecem histórias ao seu redor. Embora pareça pagão, na realidade não é nem pagão nem cristão, talvez porque assume e transcende essas polaridades. Por isso, sua própria natureza o transforma em um anfitrião dos deuses: “...pai de todas as verdades eternas”.
    Filêmon é um verdadeiro amante, mas à diferença de outros homens, ama sua própria alma, embora faça isto por amor aos homens. Amando-se a si mesmo, a sua profundeza, não impõe a obediência ou o vão discipulado, mas antes irradia a força do numinoso que estimula a ser discípulo de si mesmo.
    É como se Filêmon só pudesse ser um guia para os homens sob a condição de não ser tomado como exemplo nem como um profeta” - NANTE, B. O Livro Vermelho: Chaves para a compreensão de uma obra inexplicável. Petrópolis: Vozes - Rio de Janeiro e Editora El Hilo de Ariadna - Argentina, 2018, p. 416-418 .
    Música:
    Beethoven Sonata No. 8 in C minor Op. 13. “Pathétique”.
    Imagem:
    O Livro Vermelho. Edição ilustrada. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 154.
    Maria Conceição Longatto: psicóloga e analista junguiana do Instituto de Psicologia Analítica de Campinas, IPAC. Conceição reside e atende em consultório em Piracicaba, SP.
    Sílvio Lopes Peres: psicólogo e analista junguiano do Instituto de Psicologia Analítica da Bahia, IPABAHIA. Sílvio reside e atende em consultório em Marília, SP.
    Edição: ‪@Djeba101‬

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