Viver na ruas no feminino: violências gendradas e dispositivo amoroso

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  • čas přidán 8. 09. 2024
  • Nos últimos anos, houve um acirramento da crise socioeconômica em nosso país, com aumento da taxa de desemprego , bem como uma precarização das políticas públicas de assistência e promoção social. Isso levou a um aumento do número de pessoas em situação de rua. Entre 2012 e 2020 esse aumento foi de 140 %. Homens são maioria nessa condição, mas o número de mulheres tem aumentado. Além disso, quase 70% das pessoas em condição de rua são negras, o que aponta para um longo processo de injustiça social, fruto dos quase 400 anos de escravização das populações negras trazidas das nações africanas e a forma como feita a abolição: sem nenhuma política de inclusão social e reparação histórica com o povo negro e seus descendentes.
    Se estar nas ruas já traz várias vulnerabilidades em geral, no feminino estas vulnerabilidades se avolumam, pois além de todas as violências possíveis, mulheres sofrem especificamente violências físicas de seus parceiros, bem como sexuais.
    Nesta live, abordamos as histórias de vida de meninas e mulheres que estão em situação de rua em uma grande capital brasileira. Nossa convidada especial foi Iara Flor Richwin, psicóloga, mestra e doutora em Psicologia Clínica e Cultura/UnB e atual pós-doutorando do Programa. Seu tema de pesquisa é mulheres em condição de rua. Na etnografia e nas entrevistas destacaram-se, primeiro, as violências de gênero que servem como fatores precipitadores para que a rua seja ressentida como um lugar de"alívio" para essas mulheres: a) quando ainda meninas, violência doméstica e familiar do pai contra a mãe, abuso sexual e estupro infantil; b) quando adultas, sobretudo a violência recebida por parceiro íntimo. Além disso, também, ficaram evidentes as violências estruturais, que colocam as mulheres em uma situação de uma vulnerabilidade ainda maior: a dificuldade de acesso não apenas a empregos, quando se mora nas ruas, mas mesmo a "bicos" ("quem vai deixar eu ser babá do filho dela se eu moro na rua?"). Terceiro, foram apresentadas as violências cotidianas a que estas mulheres são submetidas por se encontrarem na situação de morarem na rua.
    Por fim, nas entrevistas, destacou-se o sofrimento dessas mulheres no campo amoroso, apontando para o funcionamento do dispositivo amoroso em sua especificidade: ter um homem, nas ruas, além de ser identitário para elas, é ressentido como um fator de proteção (contra outros homens), ainda que o companheiro seja um agressor.

Komentáře • 32

  • @Atenais
    @Atenais Před 2 lety +6

    Tô maratonando todos os vídeos do canal da Valeska e cada vídeo é uma pedrada. Este canal deveria ser obrigatório para todas as mulheres.

  • @RosaneW1
    @RosaneW1 Před 3 lety +4

    O que seria de nós, mulheres, sem o sopro que as pesquisas sobre gênero interpoem. Muito boa explanação.

  •  Před 4 lety +11

    Mais uma oportunidade de assistir e aprender com vcs ❤️

  • @ALINE-jq7wg
    @ALINE-jq7wg Před 4 lety +8

    Que horror! Como podemos ser tão passivos em relação a isso. Precisamos agir mais, falar mais, nos envolver mais

  • @Drikissima91
    @Drikissima91 Před rokem +1

    Situacoes de extrema violencia. Importante conhecer o lado delas para podermos ajudar da forma que podemos, e ao mesmo tempo pressionar o estado por melhores politicas publicas de assistencia e promocao social.

  • @LucianoSilva-kf2qm
    @LucianoSilva-kf2qm Před 4 lety +4

    Muito triste a realidade dessas mulheres. O trabalho de vocês é muito importante. A sociedade deve ter um cuidado especial com a mulher (e as pessoas em geral ) em situação de rua. Parabéns pela pesquisa e divulgação!

  • @aldecicosta60
    @aldecicosta60 Před 4 lety +6

    Excelente trabalho!! Porém extremamente triste ouvir tantas histórias como essas!!

  • @rosanarodrigues8363
    @rosanarodrigues8363 Před 3 lety +1

    Caramba, houve um empenho significativo p desenvolver a pesquisa.

  • @elianamesquita7870
    @elianamesquita7870 Před 4 lety +2

    Triste saber de tantas histórias que poderiam ter sido evitadas, enquanto isso, a Ministra da mulher diminui as verbas que poderiam mudar o curso de tudo isso.

  • @mellizecardoso2355
    @mellizecardoso2355 Před 4 lety +1

    Maravilhosa sua pesquisa, Iara! Obrigada pelo trabalho, sensibilidade e dedicação, e também por compartilhar !! 🙌🏻

  • @glaucienecarvalho7153
    @glaucienecarvalho7153 Před 3 lety

    Espero que o riso seja de nervoso... Seu trabalho é maravilhoso👏🏻👏🏻👏🏻

  • @marcustattooart3031
    @marcustattooart3031 Před 4 lety +1

    Ótimo trabalho e muito importante. Obrigado pelo tempo que vocês dedicam em abordar assuntos que ninguém quer abordar para nos ensinar questões que são invisibilizadas pelo sistema.

  • @lobaok
    @lobaok Před 4 lety +1

    Obrigada por compartilhar as informações da pesquisa. Realidade mt triste e indignante.

  • @rhaissadesouza3796
    @rhaissadesouza3796 Před 3 lety

    Que assunto pesado! Meus Deus, estou em choque! Já imaginava o sofrimento dessas mulheres mas depois dessa pesquisa, fiquei ainda mais impressionada. Como pode uma situação tão grave ser tão invisível pelo Estado? 😭

  • @amandaalves9740
    @amandaalves9740 Před 4 lety +1

    Muito obrigada por compartilhar sua pesquisa!

  • @debora3000
    @debora3000 Před 4 lety

    Trabalho espetacular. Parabéns.❤️

  • @porto_madge
    @porto_madge Před 4 lety

    Parabéns pelo trabalho e pela apresentação. Uma realidade que precisamos conhecer.

  • @luizasombrio4676
    @luizasombrio4676 Před 3 lety +3

    O Brasil também é um país machista 🤷🏿‍♀️ não há apenas homens machistas mas também mulheres machistas 🤦🏿‍♀️

  • @elizfidelis6392
    @elizfidelis6392 Před 8 měsíci

    Eu aprendi demais! Ual

  • @juliameirelles2144
    @juliameirelles2144 Před 4 lety +4

    Estou aprendendo muito com as lives. Quase mudando de área... rs Gostaria de saber qual a melhor forma de ajudar estas mulheres em situação de rua. Alguma indicação de ação ou ONG?

    • @mislane2012
      @mislane2012 Před 3 lety +4

      Procure serviços de mulheres, como centros de referência da mulher na sua cidade. É parte das políticas públicas e precisamos de voluntários, uma vez que, apesar de serviços ótimos, estão (e são propositalmente) sucateados....

  • @juliamelo2191
    @juliamelo2191 Před 10 měsíci

    😢👏👏

  • @nadjaramosdeavilaavila8091

    Parabéns! Trabalho excelente👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

  • @celiasilva7304
    @celiasilva7304 Před 3 lety

    Muito obrigada por todos os vídeos Valeska, mestrandeS e DoutorandeS!!!
    Esse me impactou por demais!
    Duas perguntinhas:
    Como com tamanhos sofrimentos, sair desse espaço perturbador ir pra nossa casa, no quentinho aconchegante sem surtar? Quais ações a Iara conseguiu implementar para suavizar um pouco o sofrimento dessas mulheres?

  • @anaesquiso8208
    @anaesquiso8208 Před 4 lety

    Muito bem explanado. grata

  • @taiguani1937
    @taiguani1937 Před 2 lety +1

    Podia falar de pessoas trans na prateleira do amor

  • @leniguedesguedes6076
    @leniguedesguedes6076 Před 4 lety

    Boa noite!Conheco seu trabalho através do canal Soltos, amei a perspectiva de sua análiae das relações amorosas.Agora vou amratona aqui no seu canal.Por favor vc citou uma frase de um livro na entrevista do Soltoa, vc pode me informar o nome do livro e o autor: a frase era sobre os homens serem educados para amar várias coisas e as mulheres serem educados para amar os hoemens.Gratidão.🙏

    • @valeskazanello7636
      @valeskazanello7636  Před 4 lety

      Esta ideia está no meu livro “Saúde mental, gênero e dispositivos”! 😉

  • @raquelferreira4079
    @raquelferreira4079 Před 3 lety

    Muito triste!!!
    Como diz a primeira dama, Bia Dória: "as pessoas gostam muito da vida livre das ruas"

  • @dilareis5037
    @dilareis5037 Před 4 lety +1

    Trabalho incrível, não tinha a dimensão de quantas camadas de sofrimento há na vida das mulheres em condição de rua. Só faço uma consideração para Iara: alguns momentos da sua explanação vc solta uma risadinhas (talvez de nervosismo ou talvez pra mostrar o quão bizarros são algumas situações que seriam cômicas se não fossem trágicas), mas que não agrega muita validação aos sofrimentos de mulheres sobre os quais vc relata . Aí fica uma expressão estranha meio fora do contexto discutido. É só uma sugestão pra vc pensar, mas q não diminui em nada a densidade e pertinência do seu trabalho. Parabéns.