A beleza salvará o mundo (Gregory Wolfe) - Parte Dois: Capítulos 5-8
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- čas přidán 12. 09. 2024
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No vídeo, apresentei a segunda parte do livro "Beauty Will Save the World" (A beleza salvará o mundo), do escritor e professor americano Gregory Wolfe. A segunda parte (Cristianismo, literatura e modernidade, pp. 49-101) compreende os capítulos 5, 6, 7 e 8. Seus títulos são:
- O escritor da fé em uma cultura fraturada (pp. 49-60)
- Sempre antigo, sempre novo: o escritor católico no mundo moderno (pp. 61-75)
- Depois deste nosso exílio: o poeta cristão no mundo moderno (pp. 77-91)
- O fim no começo: o paradoxo da criatividade artística (pp. 93-101)
Um dos pontos que destaquei no vídeo está entre as páginas 72 e 73 do Capítulo 6 onde o autor comenta que, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, a arte não precisa imitar a realidade. Ela não precisa ser como uma câmera que reproduz através da fotografia uma imagem exata daquilo que sua lente consegue captar. É comum muitos acharem que a arte para ser arte tem que ter essa obrigação de ser um retrato fiel de algo que é real.
Na página 78, Gregory Wolfe escreve sobre a tentação que o artista atual, mais precisamente o artista cristão, pode experimentar ao produzir uma obra artística. Ele explica que, tempos atrás, a percepção que o público tinha do mundo era fundamentada no Cristianismo. A cosmovisão cristã era imperante. Para Gregory Wolfe, essa cosmovisão não é mais predominante no Ocidente ou, pelo menos, ela não é mais compreendida ou compartilhada pela maioria das pessoas. Ele compreende que, se um artista dos tempos atuais é cristão, há duas coisas com as quais ele tem de lidar: 1) boa parte das pessoas não compartilha mais da mesma cosmovisão, como ocorria no passado; 2) um artista cristão ou não, ao criar uma obra, muitas vezes, coloca nela suas percepções de mundo.
Consoante o entendimento do autor, de um modo geral, o artista, independentemente de suas crenças, ideais, ideologias podem cair na tentação de, ao produzir uma obra de arte, fazer dela um meio de promover sua crença ou ideologia. A partir do momento que um artista faz de suas obras um meio de propagandear uma ideologia, uma crença religiosa etc., ele não produziu arte, ele produziu propaganda. Arte é arte. Propaganda é propaganda. A arte, como aponta Gregory Wolfe no capítulo 1, não tem obrigação de ser direta. Ela não é uma pregação religiosa, política ou de outro tipo. A sutileza, a indireta, a ambiguidade e o sentido oculto são aspectos da arte (WOLFE, 2014, p. 5).
"No momento em que a arte se torna subserviente a algum propósito ético ou político, ela deixa de ser arte e se torna propaganda. A arte parece exigir uma liberdade inviolável para buscar o bem do artefato, sem que mensagens abertas ou encobertas sejam forçadas a ele. E a história demonstra que é simplesmente uma afirmação de fato (parafraseando Tomás de Aquino) que a retidão dos apetites não é um pré-requisito para a capacidade de fazer objetos bonitos."
O autor também comenta a respeito do declínio da linguagem. Uma linguagem decadente reflete uma sociedade decadente. Ele assevera: "A decadência da linguagem é coextensiva à decadência da consciência [...]" (WOLFE, 2014, p. 88), ou seja, à medida de uma se degrada, a outra se degrada também.
Enquanto Gregory Wolfe demonstra uma correlação entre a decaimento da linguagem e da sociedade, há, por exemplo, autores como os britânicos David Tame (1953-) e Cyril Scott (1879-1970) que fazem uma correlação entre a música e a sociedade onde ela é praticada, ou seja, nas sociedades onde ocorreu um declínio musical, paralelamente, ocorreu nelas um declínio civilizacional. De maneira geral, os três estão dizendo que quando a cultura decai, quando as artes decaem, há um decaimento da sociedade.
A linguagem, assim como as artes e a religião são parte da cultura. Se partirmos da idéia de que a política vem da cultura, iremos concluir que, se as artes declinam, se a cultura declina, isso significa que a sociedade está declinando. Numa cultura e sociedade decaídas, a política só pode ir pelo mesmo caminho.
No próximo vídeo, vou conversar com vocês acerca da Parte Três (105-170), que compreende os capítulos 9, 10, 11, 12, 13 e 14.
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Imagens utilizadas em meu vídeo que não são de minha autoria:
Imagem: Giotto di Bondone (1267-1337), pintor e arquiteto italiano
Detalhe: "Cinco mestres do Renascimento Florentino: Giotto, Uccello, Donatello, Manetti, Brunelleschi"
Arte produzida entre 1500 e 1550
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cinque_maestri_del_rinascimento_fiorentino,_XVI_sec,_giotto.JPG
Imagem: Paul Cézanne (1839-1906), pintor francês
Fotografia feita em 1899
Origem: anniversaire-celebrite.com/paul-cezanne-c1450
Imagem: Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), escritor e jornalista brasileiro
Retrato da ficha de internação no Hospício Nacional de Alienados, em 1914
commons.wikimedia.org/wiki/File:Retrato_de_Lima_Barreto,_da_ficha_de_interna%C3%A7%C3%A3o_no_Hosp%C3%ADcio_Nacional_de_Alienados.jpg
Imagem: Afonso Henriques de Lima Barreto
Detalhe: Retrato da ficha de internação no Hospício Nacional de Alienados, em 1914
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lima_Barreto_-_detalhe_da_ficha_da_primeira_interna%C3%A7%C3%A3o_manicomial.png
Imagem: Dorothy Sayers (1893-1957), escritora inglesa
Fotografia publicada por Boni e Liveright em conexão com seu lançamento de 1925, Whose Body?, o primeiro romance da autora
en.wikipedia.org/wiki/File:Sayers-whose-body-image.png