AS PRÁTICAS RELIGIOSAS DE UMBANDA E CANDOMBLÉ EM CURITIBA - UM OLHAR ARTÍSTICO

O Candomblé é uma religião afro-brasileira, trazida pelos africanos escravizados. A Umbanda é uma religião brasileira marcada pelo sincretismo entre as religiões oriundas da África, o catolicismo e o espiritismo. Ambas cultuam os orixás, que são divindades da mitologia africana iorubá, região da África formada por vários grupos étnicos com cultura e língua semelhantes. No Brasil, os principais orixás são: Exu, Oxalá, Ogum, Oxóssi, Oxum, Oxumaré, Xangô, Iansã, Iemanjá, Nanã, Omolú, Logunedé, Obá, Ossain, Yewá e Ibeji.
Com crônicas gráficas em forma de ilustrações, o artista Fabiano Vianna registra as giras de Umbanda e Candomblé, retratando a expressão religiosa de alguns terreiros curitibanos através do estilo artístico conhecido como “urban sketchers”.
Os “sketches” são desenhos de observação, feitos com traços e esboços velozes, normalmente pintados com aquarela, de frente ou perto das cenas. Terreiro do Pai Maneco, Terreiro Paity-Payrá, Terreiro de Umbanda Universalista - TEU, Ilê Alaketu Ijoba Oxum Ogum, Terreiro das Marias, Terreiro Filhos do Sol, TUPA - Terreiro de Umbanda Povo Angola, Terreiro Pai Benedito, Terreiro Vovó Benta, Terreiro Pai Joaquim do Congo foram os terreiros visitados pelo artista, que desenhou a cena que via e a que sentia.
A maioria dos terreiros são adaptados em antigas casas ou galpões. Com uma ou duas entradas, com cadeiras onde fica a assistência (os visitantes), o congá (parede sagrada com orixás e símbolos), a engoma (pessoas que tocam os pontos sagrados), os banquinhos e tocos para médiuns e consulentes, as cadeiras principais dos pais de santo e o centro do espaço marcado no chão (normalmente com o ponto riscado de uma das entidades principais ou protetora daquele local).
De início, desenhou de longe, registrando o que era possível ver das cadeiras. Em certo momento, foi convidado a se aproximar e participar da corrente. Próximo da energia dos orixás e entidades, desenhou recebendo intuições e imagens, e em alguns momentos, suas mãos foram guiadas. Nos “sketches” mediúnicos, surgem personagens, formas, mensagens. Revelam traços e características sobre as entidades que trabalham, suas roupas, adornos, utensílios, patuás. Cores são dadas para aquilo que só alguns enxergam.
Dos desenhos feitos durante as giras surgem aquarelas dos orixás e entidades pintadas com mais tempo, em estúdio. São feitas de formas diversas, inspirando-se em representações tradicionais da Umbanda e do Candomblé. Algumas com características sugeridas pelos guias, surgindo entidades específicas, de vez em quando até contrariando a forma vigente. Às vezes, uma mesma entidade ou orixá pode se mostrar de formas diferentes.
O mundo espiritual é rico e dinâmico. Que ao conhecer a Umbanda e o Candomblé através deste olhar artístico, cada um de nós se inspire a um olhar de respeito e de aprendizado. Saravá!
Créditos:
Coordenação e curadoria - Victor Augustus Graciotto Silva
Ilustração - Fabiano Vianna
Revisão de texto - Cida Grecco e Elys Faria Bittencourt
Realização - Máquina de Escrever Editora e Produção Cultural
Projeto aprovado no Edital Nº: 110/2022 - FCC - Fundação Cultural de Curitiba / Fundo Municipal de Incentivo à Cultura / Prefeitura Municipal de Curitiba.