Isolamento e confinamento nos Hospitais Psiquiátricos - e o valor da desinstitucionalização.

Sentimos em nossas vidas os efeitos do isolamento e do confinamento neste período de quarentena em nossa saúde mental. Com isso podemos ter ideia da proporção dos efeitos deste isolamento e confinamento vividos por anos pelos pacientes que foram moradores de hospitais psiquiátricos, vulgo manicômios. A partir de março de 2018 o processo de desinstitucionalização se completou em Sorocaba, e os pacientes que antes viviam intra-muros diariamente passaram a morar em residências inseridas na sociedade (residências terapêuticas), voltando a poder frequentar diversos lugares da cidade e a exercerem a autonomia que possuem, puderam ter mais liberdade e variedades em seu cotidiano, com a nova estrutura de cuidado que veio após a reforma psiquiátrica, com uma RAPS (rede de atenção psicossocial) preparada para a continuidade do tratamento fora dos hospitais psiquiátricos. Neste atual modelo, se o paciente precisa de uma internação em algum momento de crise, terá leitos psiquiátricos em hospitais gerais e nos Caps (Centro de atenção psicossocial) disponíveis para a internação pontual apenas no momento de surto, podendo o paciente voltar à sua rotina quando estiver de volta à sua normalidade. Hospital não é lugar de morar, é local para passar durante o período que algum cuidado é necessário. Lugar de morar é casa, residência. E lugar de cuidar é no mundo, no dia-a-dia. A vida importa e todos podemos precisar de cuidado em algum momento específico, porém isto não deve nos invalidar.