Música e Trabalho: Saga da Amazônia (Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai)*

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  • čas přidán 11. 09. 2024
  • Na década de 1980, reagindo aos impactos devastadores de décadas dominadas por um modelo de crescimento econômico que não contemplava a sustentabilidade ambiental, o tema da ecologia ganhou força. O músico resume esta situação com simplicidade e poesia, como uma triste fábula sobre antigas culturas, sobre espécies extintas, sobre um mundo desencantado.
    O disco Cantoria 1, foi gravado no Teatro Castro Alves em Janeiro de 1984, registrando o primeiro encontro de quatro dos maiores cantadores e violeiros do país: Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Xangai.
    Saga Da Amazônia
    (Composição: Vital Farias 1979)
    Intérpretes: Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai
    Era uma vez na AMAZÔNIA, a mais bonita floresta
    Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
    No fundo d'água as IARAS, caboclo lendas e mágoas
    E os rios puxando as águas
    PAPAGAIOS, PERIQUITOS, cuidavam das suas cores
    Os peixes singrando os rios, Curumins cheios de amores
    Sorria o JURUPARI, URAPURU, seu porvir
    Era: FAUNA, FLORA, FRUTOS E FLORES
    Toda mata tem caipora para a mata vigiar
    Veio caipora de fora para a mata definhar
    E trouxe DRAGÃO-DE-FERRO, prá comer muita madeira
    E trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeira.
    Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
    Prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
    Se a floresta meu amigo tivesse pé prá andar
    Eu garanto meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá.
    O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
    E o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar??
    Depois tem passarinho, tem o ninho, tem o ar
    ICARAPÉ, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar.
    Mas o DRAGÃO continua a floresta devorar
    E quem habita essa mata prá onde vai se mudar??
    Corre ÍNDIO, SERINGUEIRO, PREGUIÇA, TAMANDUÁ
    TARTARUGA, pé ligeiro, corre-corre TRIBO DOS KAMAIURA
    No lugar que havia mata, hoje há perseguição
    Grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
    Castanheiro, seringueiro já viraram até peão
    Afora os que já morreram como ave-de-arribação
    Zé da Nana tá de prova, naquele lugar tem cova
    Gente enterrada no chão:
    Pois mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
    Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
    Roubou seu lugar
    Foi então que um violeiro chegando na região
    Ficou tão penalizado e escreveu essa canção
    E talvez, desesperado com tanta devastação
    Pegou a primeira estrada sem rumo, sem direção
    Com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
    Dentro do seu coração.
    Aqui termina essa história para gente de valor
    Prá gente que tem memória muito crença muito amor
    Prá defender o que ainda resta sem rodeio, sem aresta
    ERA UMA VEZ UMA FLORESTA NA LINHA DO EQUADOR.
    Música indicada por Val Gomes.
    Você também pode indicar alguma música que fale sobre o mundo do trabalho ou sobre as condições sociais dos trabalhadores.
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