Epidemiologia (aula 7, parte 1/3) | Introdução à causalidade em epidemiologia
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- čas přidán 21. 09. 2020
- Esta aula apresenta os conceitos de associação e causalidade, bem como a importância da diferenciação entre fatores associados causais e não-causais.
Gostou do conteúdo? Quer se aprofundar no assunto? Assista às aulas da disciplina "Inferência Causal em Epidemiologia" ofertada aos alunos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas através do link: • Inferência Causal em E...
CORREÇÃO
Tempo: 4:31
Frase dita: “quando vocês chegarem na disciplina de estatística”.
Frase correta: “quando vocês chegarem nas aulas de estatística”.
Sou professor substituto (recém contratado) da disciplina de epidemiologia e tenho estudado bastante para levar conhecimento para os meus alunos. Suas aulas são enriquecedoras, claras, objetivas e com excelente didática.
Obrigado professor Fernando Hartwing por compartilhar conhecimento.
Obrigado pelo comentário, Alex!
Desculpe a demora em responder. Com o nascimento do meu filho, parei as atividades do canal por um tempo. Mas fico feliz em informar que, desde a semana passada, passamos a ter vídeos semanais. Espero que você goste! Um abraço.
Amei a aula!!👏
Olá, Sara. Obrigado pelo comentário. Fico muito feliz em saber que você gostou da aula!
Se você se interessa por epidemiologia, convido você a se inscrever no canal (caso ainda não seja inscrita). Temos vídeos novos toda segunda-feira. Se você puder e quiser ajudar meu trabalho aqui no CZcams, seria ótimo se você pudesse curtir os vídeos que lhe ajudarem e compartilhar o canal com colegas e outras pessoas que possam ter interesse.
Um abraço e bons estudos!
Nao entendi bem os exemplos de associação? Preço de roupa e completar o ensino superior? N entendi a relação
Obrigado pelo comentário!
O exemplo do preço da roupa usada na infância e a chance de completar o ensino superior na fase adulta é para ilustrar o conceito de confundimento, que é um tipo de viés que produz associações entre a exposição e o desfecho mesmo que não exista relação causal entre eles.
Nesta situação, dividimos as crianças em dois grupos: um grupo que usava roupas caras; e outro que usava roupas baratas. Acompanhamos estas crianças até atingirem 30 anos de idade (portanto, é um estudo de coorte), e avaliamos a proporção de pessoas (agora adultos) que completaram o ensino superior. Muito provavelmente, esta proporção foi maior no grupo que usava roupas caras quando criança do que no grupo que usava roupas baratas.
Agora, por que existe essa associação? Sabemos que crianças nascidas em famílias mais pobres têm maior chance de usar roupas baratas (porque o orçamento familiar não permite adquirir roupas muito caras) e menor chance de completar o ensino superior (porque existem desigualdades sociais no acesso à escolarização). Perceba, portanto, que nesse caso existe um terceiro fator (a posição socioeconômica da família) que influencia tanto o preço da roupa usada na infância quanto a chance de completar ensino superior quando adulto. Portanto, o preço da roupa e a escolarização apresentarão uma associação (porque crianças que usam roupas baratas terão menos probabilidade de completar o ensino superior), mas esta associação não reflete uma relação de causa-efeito (porque o motivo pelo qual a associação existe é o fato de que crianças que usam roupas baratas são, em geral, mais pobres, e a pobreza na infância diminui a probabilidade de completar o ensino superior).
Espero ter esclarecido!
Um abraço e bons estudos!
@@professorfernandohartwig sim, consegui entender melhor dessa vez... obrigada
@@professorfernandohartwig eu tenho so mais uma pergunta, que eu n sei responder de forma objetiva e simples... sabe me dizer qual a DIFERENÇA ENTRE FATOR DE RISCO, CAUSA E ASSOCIAÇÃO? ( fator de risco poderia ser uma conseguencia?)
@@edilanesilva5096, esses conceitos são todos relacionados mesmo, então nem sempre é fácil entender exatamente as diferenças entre eles.
Para cada um destes conceitos, eu vou apresentar uma definição breve e, abaixo, uma descrição mais detalhada.
1) Associação: é a propriedade que duas variáveis têm de "andarem juntas".
Por exemplo, peso e altura são duas variáveis que, em média, "andam juntas", pois pessoas mais altas são, em geral, mais pesadas (claro que pode haver uma pessoa baixa mais pesada que uma pessoa alta, mas aqui estamos falando de forma geral). Portanto, neste caso, diríamos que peso e altura são associados (ou apresentam associação).
2) Fator de risco: é qualquer variável associada com maior ocorrência do desfecho em questão.
É importante perceber que o conceito de fator de risco é mais amplo do que o conceito de causa (ver item 3 abaixo). Ou seja, causas são fatores de risco (pois a ocorrência da doença é maior entre os expostos ao fator causal em relação aos não-expostos; por exemplo, a ocorrência de câncer de pulmão é maior entre fumantes em relação aos não-fumantes). Porém, existem fatores de risco que não são causas. Nesta situação, o fator de risco e o desfecho estariam associados por algum outro mecanismo. Como você observou, um deles seria causalidade reversa (por exemplo, ficar muito tempo em casa é um fator de risco de depressão, pois ter depressão diminui a vontade de sair de casa). Outra possibilidade seria confundimento (o hábito de carregar isqueiro consigo é um fator de risco de câncer de pulmão, pois este comportamento é mais comum entre fumantes).
3) Causa: uma causa é um fator que, se for modificado através de uma intervenção, modifica o risco do desfecho.
Por exemplo, vamos supor que temos um grupo de fumantes em 2013, e que estes foram acompanhados por 10 anos (ou seja, até 2023). Vamos supor que 20% desenvolveram câncer de pulmão durante o acompanhamento. Agora, vamos fazer o seguinte raciocínio: se todos estes indivíduos tivessem, em 2013, recebido uma intervenção que os fizesse parar de fumar, qual teria sido a ocorrência de câncer? Certamente menor que 20%, pois teríamos eliminado, através de uma intervenção, o tabagismo, que é uma importante causa da doença.
É importante perceber que esta intervenção só reduziu a ocorrência da doença pois atuou sobre uma causa. Ou seja, intervenções sobre fatores de risco não-causais não serão efetivas. No exemplo do preço da roupa e escolaridade, podemos perceber que: i) uso roupas baratas na infância é um fator de risco para não completar o ensino superior, pois a ocorrência de não completar o ensino superior é maior entre os indivíduos que usavam roupas baratas na infância em relação aos que usavam roupas caras; ii) uma intervenção que simplesmente distribuísse roupas caras a crianças não seria efetiva para aumentar a proporção de pessoas que concluem o ensino superior. A combinação das observações i) e ii) nos leva a concluir que o preço da roupa, apesar de ser um fator de risco, não é uma causa.
Espero que esta explicação seja útil para você!
Um abraço e bons estudos!
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