xávega: ir ao mar

Sdílet
Vložit
  • čas přidán 20. 08. 2024
  • xávega: apontamentos breves
    em primeiro lugar, queria dedicar estas breves palavras aos meus amigos, pescadores da xávega da torreira que, ao longo dos anos, foram partindo: antónio murta, zé trabalhito, alfredo fareja, estrela, antónio trabalhito, zé murta, joão pequeno, nicole, ti alfredo neto, ti antónio neto, carlos aldeia, carlos seminhas, serra, antónio acabou, vitor caravela, a todos os outros que já partiram e o nome não me ocorre e aos que continuam a arte, por isso a ti também ricardo silva.
    erros que aqui possam encontrar estão sempre abertos a sugestões e correcções, este não é um texto de sábio, exaustivo ou fechado. é o que é, nada mais.
    4- largar
    pela madrugada e depois de almoço, o arrais vem “ler” o mar para saber se se pode “trabalhar” no mar. na leitura entram vários factores de que destaco dois : a altura e o “ritmo” das ondas - diria, em termos simples que o ritmo das ondas se mede pelo número de ondas seguidas, 3,5, 7 …..- quanto maior for o ritmo mais dífícil é que a duração do intervalo entreduas séries consecutivas, o “liso” dê tempo para que o barco ganhe o largo. o arrais tanto lê o mar rente à praia, como ao largo - na torreira, devido ao declive da costa forma-se um “lago” entre a praia e o largo, que se atinge passando o “cabeço” -, por isso o arrais lê as ondas não só perto da praia mas também no “cabeço”.
    para se fazer ao mar o barco, não há muitos anos, era impulsionado por uma “muleta” de madeira, apoiada numa peça - em madeira ou metal - existente no exterior da bica da ré, e era empurrada por um tractor de força - antigamente, na torreira até 2001, por bois.
    quando se fazia ao mar o barco tinha três pontos de fixe: a “muleta”, o “reçoeiro” e a “regeira”. a muleta fixava-o porque a extremidade que se apoiava na bica da ré, tinha a forma de V que “abraçava” um pouco a costura das tábuas da ré. amarrava-se ainda ao golfião de estibordo uma corda - a “regeira” - que era atada a um bordão que se enterrava na areia, sempre a norte - são de norte as correntes dominantes - que forçava o barco a ficar perpendicular à praia. o camarada que fosse à ré a controlar o reçoeiro mantinha-o laçado na bica e, também ele, fazia mais um “fixe” para segurar o barco. Aliás, era ele que ao largar o reçoeiro e ao grito de “bota!” dava ordem para que o barco largasse.
    há praias em que o barco é levado ao mar em cima de uma estrutra metálica com rodas; noutras, como na praia de mira, a muleta foi substituída por uma estrutura triangular que apoia na pá do tractor; na torreira, desde 2011, a companha do marco passou a ultilizar duas “muletas” - dois varões de aço que encaixam em cápsulas de metal fixas a meia altura do costado e fixas ao tractor - exemplo logo seguido pela companha do olá s. paio. nestes casos o largar é muito mais seguro e não existe “regeira”.
    5 - arribar
    o momento mais perigoso numa ida ao mar é o “arribar”: o barco vem leve e só tem como “fixe” a “mão de barca”. repare-se como o arrais vai laçando a “mão de barca” na bica da ré para “segurar” o barco quando se aproxima o momento de “apanhar a onda certa e surfar até à praia”. a decisão de se fazer à praia tem muito de arte, saber e sorte.
    tarefa arriscada também a dos homens que levam as cordas com os ganchos para enfiar nos “arganéis” da proa, é enfiar e correr, não vá vir uma onda traiçoeira e o barco atarvessar-se ou avançar depressa demais - há registo de pernas esmagadas em situações destas. o tractor a que são presas e terá de tirar o barco do mar, tem uma responsabilidade enorme no sucesso destes momentos de tensão e perigo, de que poucos se apercebem.
    mal o barco arriba, a “mão de barca” é levada a força de braços até ao tractor que lhe está atribuído e começa a “alagem”. em simultâneo começa a limpeza e aparelhar do barco.

Komentáře • 21