Payada - Jayme Caetano Braun

Sdílet
Vložit
  • čas přidán 3. 08. 2024
  • Êxitos, Vol. 2 - 2000
    "Raízes tronco ramagem Ramagem tronco raiz Abriu-se uma cicatriz de onde brotei na paisagem"
    Composição: Jayme Caetano Braun
    Gênero: Payada
    Acompanhamento violão: Lúcio Yanel
    Curta a página: / ocanaldoroos
    Conheça o blog do canal: ocanaldoroos.blogspot.com/
    ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ஜ۩۞۩ஜ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
    Raízes, tronco, ramagem... Ramagem, tronco, raiz...
    Abriu-se uma cicatriz de onde brotei na paisagem...
    O tempo me fez mensagem que os ventos pampas dirigem,
    Dos anseios que me afligem de transplantar horizontes,
    Buscando o rumor das fontes pra beber água na origem.
    Sobre o lombo da distância, de paragem em paragem,
    Fui repontando a mensagem de bárbara ressonância,
    Fazendo pátria na infância porque precisei fazê-la,
    E a Liberdade, sinuela, sempre foi a estrela guia
    Que o meu olhar perseguia como quem busca uma estrela.
    Pensei chegar alcançá-la, no estágio de índio rude,
    Mas nunca na plenitude, porque essa deusa baguala
    Que aos andejos embuçala, nunca ninguém alcançou,
    Bisneto nem bisavô, nos entreveros mais brutos,
    Labareda de minutos que o vento sempre apagou.
    Primeiro era o campo aberto, descampado, sem divisas...
    Com fronteiras imprecisas, mundo sem longe nem perto..
    Eu era o índio liberto, barbaresco e peleador
    Rei de mim mesmo, senhor da natureza selvagem,
    A religião da coragem e o sol de bronze na cor
    Um dia veio o jesuíta a este rincão do planeta
    Vestindo a sotaina preta na catequese bendita
    Foi mais do que uma visita à minha pampa morena
    Bombeei por trás da melena, olhos nos olhos o irmão,
    E gravei no coração a santa cruz de Lorena!
    Mais tarde veio mais gente às minhas terras campeiras...
    A falange das bandeiras, impiedosa e inclemente...
    Me levantei de repente e as tribos se levantaram...
    As várzeas se ensangüentaram, elas que eram verdejantes,
    Mas eu venci os bandeirantes, que nunca mais retornaram!
    E depois vieram os lusos, os negros, os castelhanos,
    E nos pagos campejanos, novas normas, novos usos...
    As violências e os abusos da Ibéria, Castela e Lácio
    Que rasgaram o prefácio e mataram as plegárias
    E as ânsias comunitárias dos irmãos de Santo Inácio.
    Não pude deter a vaga de Andonega e Barbacena...
    Se a História não os condena, a mancha nunca se apaga!
    A opressão jamais indaga na sua ambição mesquinha,
    Era meu tudo o que tinha, era meu tudo o que havia,
    E eu morri porque dizia que aquela terra era minha!
    Mas o eterno não morre, porque permaneço vivo...
    No lampejo primitivo de cada fato que ocorre
    O meu sangue rubro corre na velha raça gaudéria,
    Corcoveando em cada artéria pela miscigenação
    Na bárbara transfusão com os andarengos da Ibéria...
    Fui sempre aquilo que sou, sou sempre aquilo que fui,
    Porque a vida não dilui o que a mãe terra gerou...
    Sou o brasedo que ficou e aceso permaneceu,
    Sou o gaúcho que cresceu junto aos fortins de combate
    E já estava tomando mate quando a pátria amanheceu!!!
    E assim, crescendo ao relento, criado longe do pai,
    Junto ao mar doce - o Uruguai -, o rio do meu nascimento,
    Soldado sem regimento no quartel da imensidade...
    Um dia me meu vontade, deixei crescer toda a crina
    E me amasiei com uma china que chamei de Liberdade!
    Por mais de trezentos anos fui pastor e sentinela
    Na linha verde e amarela, peleando com castelhanos,
    Gravando com "los hermanos" a epopéia do fronteiro!
    Poeta, cantor e guerreiro da América que nascia
    Na bendita teimosia de continuar brasileiro!!!!
    Com Bento em mil entreveros, em barbarescos ensaios...
    Depois contra os paraguaios, em Humaitá e Toneleros
    Andei em Monte Caseros, Paisandu, Peribebuí
    Passo da Pátria, Avaí... longe do meu território...
    E fui ordenança de Osório nos campos de Tuiuti
    Depois, em Noventa e três, na gesta federalista,
    A pátria a perder de vista, andei peleando outra vez...
    Sem soldo no fim do mês porque pelear era lindo,
    As espadas retinindo, chapéu batido na copa,
    Como carneador de tropa nas forças de Gomercindo
    Mais adiante, em Vinte e três, em Vinte e quatro de novo...
    É o destino do meu povo que assim altivo se fez,
    A marca da intrepidez deste velho território!
    Ante o bárbaro ostensório dos lenços rubros e brancos
    Acompanhei os arrancos do velho Flores, e Honório...
    Chimangos e maragatos, farrapos, federalistas
    Caminhadas e conquistas que a história guarda em seus fatos
    Os tauras intemeratos de adaga e pistola à cinta...
    Não há ninguém que desminta nossa estirpe de raiz
    Que se adonou da matriz nas arrancadas de Trinta
    Depois vesti a verde-oliva, como sempre voluntário,
    No "cuerpo" expedicionário, formando uma comitiva
    Da nossa indiada nativa pra responder um libelo
    E o pendão verde-amarelo, no outro lado do mundo,
    Cravei, bem firme e bem fundo, no velho Monte Castelo!
    Hoje, tempo de mudar, meu coração continua
    O mesmo tigre charrua das andanças do passado.
    Sempre de pingo ensilhado, bombeando pampa e coxilha...
    A pátria é minha família! Não há Brasil sem Rio Grande
    E nem tirano que mande na alma de um Farroupilha!
  • Hudba

Komentáře • 11

  • @josewalter3531
    @josewalter3531 Před rokem +7

    ... sou Gaúcho que nasceu junto aos fortins de combate , e já estava tomando mate quando a Pátria amanheceu...
    Lindo
    bárbaro e verdadeiro.
    Daqui de Minas .

  • @francinezanettidealbuquerq6157
    @francinezanettidealbuquerq6157 Před 10 měsíci +2

    Hoje, o tempo demudado, meu coração continua
    O mesmo tigre charrua das andanças do passado.
    Sempre de pingo ensilhado, bombeando pampa e coxilha...
    A pátria é minha família!
    Não há Brasil sem Rio Grande
    E nem tirano que mande
    Na alma de um Farroupilha!

  • @Deocler
    @Deocler Před 3 lety +14

    Jayme Caetano Braun, com acompanhamento de Lucio Yanel, contando a história do Rio Grande do Sul amado.

  • @gabrielborcatto3148
    @gabrielborcatto3148 Před rokem +2

    Mas que baita poesia... uma obra-prima, palavras garimpadas na profunda alma de um gaúcho!

  • @pabloferreira4339
    @pabloferreira4339 Před 3 lety +4

    Esse gênio da poesia pitoresca, em cuja obra a universalidade sempre aparece a despeito do regionalismo de superfície, fez uma espécie de epopéia de pequena extensão sobre a história do Rio Grande e sobretudo desse que é o maior de todos os tipos de cowboy: o gaúcho, a quem o português César de Lacerda chamou "o monarca das coxilhas".

  • @olimpiagazel
    @olimpiagazel Před 11 měsíci +1

    COMO NÃO CONHECIA ANTES, ESTE POETA MAIOR?❤?!!!!

  • @cantorjeovaoliveira
    @cantorjeovaoliveira Před rokem +1

    Isto sim, é poesia! Parabéns!

    • @cantorjeovaoliveira
      @cantorjeovaoliveira Před rokem

      A poesia é por demais linda e se faz ser sagrada ao ser emoldurada por esse lindo dedilhado ao violão... Parabéns!

  • @kevinrodriguezcabral1425
    @kevinrodriguezcabral1425 Před 2 lety +1

    Caramba, como eu não conhecia isto...

  • @juarezquadros7825
    @juarezquadros7825 Před 2 lety +1

    Muito bom 🐴